Projeto Plataforma

Porque?

O Projeto Plataforma – arquivos e identidades começou a ser idealizado em meados de 2015, após constatarmos a escassez de documentos no próprio bairro de Plataforma, situado em Salvador, Bahia. Convivendo com vestígios de um passado materialmente muito mais rico que sua condição presente, muitos moradores de Plataforma desconhecem o seu passado.

Antes de ser um dos bairros mais pobres de Salvador, com altas taxas de crime e de pobreza, Plataforma era um polo econômico importante, no qual o complexo operário levou a ser um lugar de luta pelos direitos dos trabalhadores. A dissonância entre a atual representação negativa do Bairro e esses vestígios pouco conhecidos de um passado rico cultural e economicamente, nos instigou a descobrir mais sobre esta região, bem como os motivos que levaram ao seu esquecimento.

Não há, no entanto, motivos para deixar os moradores distantes deste processo de recuperação quando são eles os primeiros herdeiros e sujeitos dessa história.

 

Este é o motivo por que o Projeto pretende apoiar a redescoberta da riqueza e do valor cultural de Plataforma pelos próprios habitantes. Como arquivistas, sabemos que a documentação histórica, coletada nas mais variadas formas, pode sustentar o processo de apropriação do conhecimento e dar significados diversos a este. Instigar a formação de narrativas divergentes daquelas que cristalizaram a pobreza do bairro a partir desta documentação torna os arquivos suportes para justiça social, permitindo versões alternativas das representações negativas amplamente reproduzidas nos dias de hoje.

Como?

Ao longo das etapas do Projeto, um grupo de trabalho composto por habitantes do bairro e estudantes de Arquivologia irão trabalhar conjuntamente para descobrir e atualizar documentos oficiais da cidade como suporte para narrativas alternativas que serão levadas ao público. A proposta é desenvolver um novo sentimento do valor e do lugar da comunidade dentro da capital baiana. O projeto pretende contribuir para modificar as representações até então estabelecidas a respeito do bairro – tanto na visão dos moradores como do resto da cidade – para que seus habitantes possam ter o direito de ser incluídos na história e no presente cultural da cidade de Salvador. O direito à memória é também um vetor de justiça social.

Este projeto acompanhará e incentivará a redescoberta do passado perdido em documentos de arquivos. Ao descobrirem seu lugar na história, os moradores de Plataforma poderão também revalorizar o seu papel no presente.